Fonte: Sou Agro
Com a chegada das festividades de fim de ano, as operações em portos, aeroportos e postos de fronteira do Brasil ficam mais intensas, especialmente com a importação de produtos típicos das ceias de Natal e Ano Novo, como castanhas, bacalhau, cerejas e bebidas importadas.
Esses itens, que enriquecem a mesa da população, passam por rigorosa fiscalização de auditores fiscais federais agropecuários para garantir sua qualidade e segurança para a produção brasileira. No Aeroporto Internacional de Guarulhos e no Porto de Santos, ambos em São Paulo, o volume de liberações do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) começou a se intensificar dois meses antes das festas, em outubro. Com isso, a demanda dos profissionais da carreira e seus desafios também cresceram consideravelmente.
As informações são do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical). São os profissionais da carreira os responsáveis por assegurar que os produtos importados e exportados atendam aos padrões de qualidade e que estejam livres de bactérias ou doenças que possam comprometer a produção nacional ou a saúde da população. A chegada de uma praga estrangeira, por exemplo, pode gerar prejuízos irreparáveis para a agricultura brasileira, colocando em risco a segurança alimentar em todo o mundo e a economia do país.
De acordo com o auditor fiscal federal agropecuário Guilherme Farias, que atua no aeroporto de Guarulhos, em 2024, especificamente em relação aos produtos das ceias, o crescimento foi de 15% em relação ao ano passado.
“Nas importações da área vegetal, o que mais aumenta aqui no final de ano é a importação de castanhas vindas de Portugal e de cerejas vindas do Chile. Esses dois são produtos totalmente de época. Já outros, como aspargos e mirtilos do Peru e as flores da Colômbia aumentam um pouco, mas tem o ano todo”, afirmou Farias. Já com relação às exportações nesta época do ano, ele explica que o que aumenta é a certificação fitossanitária de frutas, especialmente figo, manga e mamão com destino à Europa e ao Oriente Médio.
Em ambos os casos, são realizadas coletas de amostra para verificação de possíveis pragas. Isto é feito com cortes nos produtos e verificação em microscópio. Farias relembra que, no início deste ano, foi encontrada uma praga quarentenária em uma carga de pêssegos importados dos Estados Unidos. Após análises, foi identificada a Anarsia lineatella, um tipo de broca ausente no Brasil, que traria consequências imprevisíveis à fruticultura nacional se tivesse entrado no país.
Já o Porto de Santos, que é a grande porta de entrada do país, a chegada de bebidas se intensifica no início do quarto trimestre. Os auditores agropecuários são responsáveis pela inspeção física, com a verificação de rotulagem para conferências de itens como o registro do importador e teor alcoólico, entre outros. “Em alguns casos, coletamos uma determinada quantidade de garrafas e enviamos para um laboratório para que seja feita análise química de alguns parâmetros”, explicou o auditor fiscal federal agropecuário Renato Miethe, que atua no Porto de Santos.
Desafios
Este período do ano representa um grande desafio para os auditores fiscais federais agropecuários. O aumento significativo na demanda por fiscalização ocorre em um cenário de insuficiência de servidores, agravado pela falta de reposição de quadros nos últimos anos. Essa situação impõe uma sobrecarga de trabalho, que se reflete na saúde dos profissionais da carreira.
O Anffa Sindical alerta para a necessidade urgente de recomposição do quadro de servidores e de melhorias nas condições de trabalho. Sem essas medidas, a capacidade de fiscalização poderá ser comprometida, aumentando os riscos para a saúde pública, a segurança dos alimentos e a economia nacional.
“Neste fim de ano, enquanto famílias se preparam para celebrar com produtos de origem nacional e internacional, os auditores fiscais federais agropecuários permanecem atentos para garantir a qualidade e a segurança desses itens, reafirmando seu compromisso com a sociedade e com o futuro da agropecuária brasileira”, destacou o presidente do Anffa Sindical, Janus Pablo Macedo.