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Brasil perderia R$ 13 bi em exportação se influenza aviária ingressasse na avicultura industrial

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Estimativa é de estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), feito em 2020, mas com atualização do valor monetário, considerando apenas varáveis macroeconômicas, como salário, exportação e outros

Sob ameaça diária de ingresso da Influenza aviária, desde que vários casos recentes da doença foram detectados em países vizinhos, como Argentina, Bolívia, Uruguai e outros, o Brasil vem mobilizando uma força-tarefa para evitar o pior dos cenários. Todo esse contexto será abordado sob vários aspectos (sanitário, econômico social) no painel de abertura do Seminário sobre defesa agropecuária (2º Sedagro), realizado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical), a partir de hoje (28/03), inaugurando os debates que vão ocorrer em três painéis, de 28 a 30, em São Paulo, na programação da IV Expomeat (Feira Internacional da Indústria de Processamento de Proteína Animal e Vegetal). 

Segundo Anderlise Borsoi, coordenadora de assuntos estratégicos do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e Pecuária (DSA/Mapa), durante o painel sobre a influenza aviária, também conhecida como gripe aviária, será traçado um panorama de como o país vem se organizando com ações de prevenção, combate e de emergência, caso o pior ocorra. “Estamos trabalhando nesse sentido, independentemente da doença ter ou não ingressado no nosso território; de preparação para a detecção precoce, a fim de que a doença não se instale na avicultura industrial”, antecipa a coordenadora. 

Entre os destaques da apresentação de Anderlise estão também as ações realizadas com o apoio de auditores fiscais federais agropecuários (Affas), em conjunto com adidos agrícolas – que também são Affas – para rever as exigências dos certificados sanitários com alguns países importadores de aves brasileiras e evitar que a exportação seja interrompida, mesmo que algum caso de influenza aviária seja detectado. “A ideia é renegociar a certificação sanitária para não interromper o comércio com esses países”, esclarece a coordenadora.

Impactos econômicos

A força-tarefa organizada pelo Mapa, que além dos affas, envolve vários atores, principalmente da iniciativa privada e de serviços veterinários estaduais, já está em ação para evitar não só os impactos sanitários, mas também os econômicos. Estudo da FGV estima que caso a doença ingresse no país, maior exportador de frango, e afete diretamente o sistema industrial, a perda monetária seria de R$ 13,5 bilhões. “Nesse caso, haveria também uma perda de 46 mil empregos, não só dentro da cadeia produtiva, mas também dentro de outras cadeias que estão relacionadas com a comercialização de aves, como a de produção de insumos”, revela Talita Priscila Pinto, pesquisadora do Centro de agronegócio da FGV Agro.

Talita, que também fará parte do painel sobre a influenza aviária, esclarece que esse impacto econômico é considerado no cenário em que a doença se espalharia pelo país, com efeito em toda a economia, caso não existisse a ação dos auditores agropecuários. “Essa avaliação revela ainda mais a importância do trabalho desses profissionais”, avalia.

Em outro recorte feito no estudo da FGV, a pesquisadora adianta que o impacto negativo sobre a exportação, com foco no agronegócio, seria de R$ 7 bilhões. “Nesse caso, haveria perda de 26 mil empregos no agro”, destaca.
Em 2020, quando a FGV fez uma pesquisa mostrando que se o auditor agropecuário tivesse paralisado as atividades durante pandemia haveria grandes perdas econômicas, a FGV estimou, à época, que se doenças e pragas entrassem no país, especificamente a influenza aviária, a perda direta em valor bruto da produção seria de R$ 201,48 milhões. “Vou levar para esse painel um pouco do que fizemos no estudo de 2020, mas com foco nos impactos relacionados à influenza aviária, levando em conta variáveis macroeconômicas, como salário, inflação, exportação e outras”, explica a pesquisadora.

Com relação às contribuições da iniciativa privada, nesse momento crítico de alerta contra o ingresso da influenza aviária no país, Sulivan Alves, diretora técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), destaca o empenho que a Associação vem fazendo para manter os protocolos de biosseguridade, em linha com as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, para a proteção dos planteis e, consequentemente, da produção e oferta de alimentos do País. Todas essas avaliações e informações sobre impactos da influenza aviária no país serão mediadas por Gisele Camargo, delegada do ANFFA de São Paulo.

Abertura

Antes das análises e estudos sobre a influenza aviária, outros desafios da defesa agropecuária entram na pauta de abertura do 2º Sedagro. Programas de governo e as ações no campo, agroindústrias, laboratórios e unidades de fronteira do país serão abordados por Janus Pablo, presidente do ANFFA Sindical; por Márcio Rezende Evaristo Carlos, secretário adjunto da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/Mapa); e por Andrea Moura, superintendente federal de Agricultura do estado de São Paulo (SFA-SP/Mapa). 

O trabalho e as contribuições do auditor agropecuário nesse contexto de defesa agropecuária serão bem ilustrados pelo presidente do ANFFA, que vai traçar um panorama das ações de auditoria e fiscalização para assegurar o desenvolvimento de todos esses programas e ações de governo para uma defesa agropecuária cada vez mais eficiente. “Farei alguns destaques entre as várias iniciativas e programas de governo que contam com a força de trabalho do auditor fiscal federal agropecuário, sempre presente e atuante quando o país requer grandes esforços e dedicação”, informa Janus Pablo e cita casos recentes, como a contribuição dos affas na elaboração da minuta de regulamentação dos plant-based; na força-tarefa contra a influenza aviária e tantas outras situações que requerem a atuação direta da carreira.

Para atacar os principais desafios da defesa agropecuária, Andrea Moura avalia que seria necessário focar em alguns pontos. Entre eles, trabalhar numa linha de prevenção, junto com todos os elos da cadeia, para evitar ocorrência de doenças e ações mais enérgicas em relação ao setor. “É o melhor caminho para que a gente tenha uma defesa agropecuária acontecendo de forma mais efetiva no país”, destaca. A superintendente também destaca exemplos do trabalho realizado nessa área, em São Paulo, e que podem ser replicados em outros estados. 

“São Paulo tem desafios enormes nessa área, pelo porte do estado e pelo grande número de empresas sob sua regulação. Por essa razão, tem contribuições importantes como a criação da comissão de educação sanitária que atua há mais de 12 anos, com protagonismo na prevenção, concretização, capacitação e articulação entre os elos da cadeia”, destaca.
 

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