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AFFA cumpre papel fundamental na Fruticultura no Vale do São Francisco que se reflete no PIB do agronegócio

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Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, os Auditores Fiscais Federais Agropecuários — AFFAs têm trabalhado sistematicamente para garantir a qualidade do alimento que chega à mesa do Brasileiro, assim como para garantir a certificação de nossas exportações

Dados revelam que as exportações do agronegócio tiveram um crescimento de 56% em 2021, gerando um total acumulado de US $147,5 milhões. Nada disso seria possível sem a presença dos AFFAs, e aqui destacamos a parcela de sucesso que cabe a esse profissional.

Programa de Uvas de Mesa

Tradicionalmente fornecidas pelo Chile, uma troca de variedade do país vizinho possibilitou que um novo mercado se abrisse para o Brasil, e assim, ele vem sendo explorado pelos produtores do Vale, região localizada entre os Estados do Pernambuco e Bahia.

O Auditor Fiscal Federal Agropecuário Antônio Romão de Almeida fala um pouco mais sobre essa oportunidade que se abriu para o mercado brasileiro: “Os últimos três anos foram de franco crescimento no número de contêineres enviados aos EUA, nosso principal cliente das uvas de mesa (veja tabela abaixo). Com a baixa demanda do consumo interno, o processo de desvio do mercado externo para o interno se inverteu. Hoje, a maior parte do que produzimos no Vale do São Francisco vai para fora do país, e isso tem sido comprovado por meio dos números divulgados.”

AnoContêineres enviados aos EUA
2019 499 contêineres
2020589 contêineres
1º semestre 2021479 contêineres
Expectativa 2021900 contêineres


De acordo com Tássio Lustoza, gerente executivo da Associação de Hortigranjeiros e de Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), essa troca de variedade leva a uma demora até que os parreirais voltem a produzir, de modo que só é esperado que o Chile volte ao mercado após uma lacuna de cinco anos.

Essa exploração de mercado só é possível com o uso de inovação, tecnologia e mão de obra capacitada, visto que os mercados são exigentes. Para garantir que os produtos do Vale do São Francisco sejam bem aceitos, vários processos são exigidos do exportador, e quem certifica isso é o AFFA. No caso das uvas de mesa, Carlos Augusto Martins, engenheiro agrônomo lotado na VIGI-VALE, em Petrolina/PE, explica como ocorre esse processo: “No Brasil, temos a praga quarentenária da família Tephritidae, mais conhecida como mosca das frutas. No caso da importação para os Estados Unidos, que não têm esse tipo de praga, um tratamento é necessário para que os frutos não levem consigo larvas e ovos do inseto. Assim, fomos capacitados pelo USDA — Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a realizar todo o processo de acompanhamento, tratamento e certificação desses produtos que vão para exportação.”

O Cold Treatment, ou tratamento frio, já é utilizado desde 2002 em exportações de maçã originárias de Santa Catarina, e aos poucos foi introduzido no tratamento das uvas que vão para os EUA. Carlos Augusto relata, porém, uma novidade no transporte desses produtos, o Tratamento em Trânsito: “Tradicionalmente, esses produtos recebiam o tratamento contra pragas apenas no destino, ou seja na Filadélfia, e isso tinha um custo para o exportador. Hoje nós trabalhamos com o Tratamento em Trânsito, que consiste em otimizar tempo realizando esse processo enquanto o produto viaja, fazendo com que ele chegue ao destino pronto para o comércio.

Nesse sistema, são inseridos 20 paletes dentro de um contêiner refrigerado. A seguir, são escolhidos 3 paletes do contêiner e instalados sensores nas caixas de frutas, em alturas e localizações pré-determinadas. A cada hora um registrador mede a temperatura das polpas e armazena. Chegando ao destino daquele contêiner, um computador realiza o download dos dados e um inspetor do USDA avalia se são suficientes para a autorização de importação do produto. Carlos Augusto explica que 90% da carga é aprovada, apenas uma margem de 10% pode sofrer de uma falha técnica, e mesmo assim a carga não é desprezada, existe a possibilidade de nova “quarentena” ser aplicada às frutas. O processo dura, em média, 15 dias.

O retorno para os exportadores é notável. De acordo com Antônio Romão, o exportador poderia pagar até US $5 mil por tratamento de cada contêiner enviado. Com o Tratamento em Trânsito esse custo é totalmente eliminado. Assim, Romão destaca a essencialidade do AFFA, que acompanha, trata e certifica esse produto, garantindo a entrada de divisas no país, bem como a manutenção dos mercados conquistados.

Outra novidade é que além da tradicional uva sem semente, os produtores do Vale do São Francisco também trabalham com as chamadas variedades gourmet. Uvas com aroma e sabores diferenciados como morango e algodão doce que também foram introduzidas nos parreirais. Na tabela abaixo é possível verificar o número total das exportações de uva no período de 2016 a 2020.



Programa da Manga

Antônio Romão relata as particularidades desse programa que já é tradicional no Vale do São Francisco: “No programa da manga, a praga quarentenária que visamos eliminar também é a mosca das frutas, mas o tratamento é outro. Ele consiste na imersão do fruto em água quente a 46,1ºC durante 75, 90 ou 110 minutos, a depender do peso da fruta. Esse processo elimina tanto a larva do inseto quanto o próprio ovo. Logo após, o fruto deve ser imerso em água fria, a 21ºC e encaminhado para a Zona Limpa. Então ele está apto para a exportação.” Cabe destacar que nesse caso não existe possibilidade de tratamento em trânsito, todo o procedimento precisa ser feito no país de origem.

Atualmente o Brasil realiza exportação de manga para sete países, sendo eles: África do Sul, Argentina, Chile, Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão e Uruguai. Todos exigem esse processo de tratamento feito por um agente treinado e autorizado do Ministério de Agricultura Brasileiro, e, apesar da carência de auditores, grandes conquistas vêm sendo alcançadas.

Romão explica que um acordo entre o MAPA e o Ministério da Segurança dos Alimentos e Medicamentos (MFDS) da Coreia do Sul previa que uma parte do processo de exportação fosse certificada pelo Brasil e outra parte pelo país de destino que enviava seus inspetores ao Brasil. Contudo, graças aos padrões de qualidade e segurança seguidos pelo Brasil, e ao histórico de trabalho in loco realizado pelos AFFAs, esse protocolo foi quebrado e, desde o ano passado, a Coreia do Sul realiza essa importação apenas com a certificação brasileira.

Nesse sentido, Tássio Lustoza avalia que uma economia anual de US $150 mil foi alcançada graças a essa medida, visto que todos os custos com traslado, hospedagem, intérpretes e alimentação dos inspetores coreanos eram repassados ao exportador.

Os números de divisas alcançadas também impressionam. Veja na tabela abaixo:


Vinho e Suco de uva

Tendo ciência da magnitude do Programa das Uvas de Mesa, também destaca-se o processo de produção de vinho e suco de uva no Vale do São Francisco. Para circular no país, esses produtos necessitam de uma Guia de Livre Trânsito — GLT, que também é emitida pelo Auditor Fiscal Federal Agropecuário.

Nos últimos anos o número de Guias emitidas têm evoluído de forma constante, como informa Rodrigo Fabian, enólogo de uma das principais empresas do Vale do São Francisco, a Terroir do São Francisco Comércio e Indústria de Vinhos, na tabela abaixo:

Ano Número de GLT’s emitidas
2017100
2018120
2019250
2020350

O enólogo credita esse sucesso ao clima da região, que impacta diretamente no sabor das frutas, e, por consequência, do vinho e suco produzidos. “As uvas do Vale do São Francisco recebem maior incidência solar, o que contribui para o melhor amadurecimento do fruto. Isso faz com que sejam menos ácidas e mais doces. Essa combinação tem tido uma aceitação muito boa nos Estados para os quais distribuímos nossos produtos”, avalia.

Outro fator de sucesso é que no Vale a produção de uva, vinho e suco acontece durante o ano inteiro. Rodrigo explica que “em outros estados os produtores colhem uma safra e têm de armazenar o produto para vender durante o ano. Aqui nós temos suco integral e fresco o ano todo, pois com a ausência de frio, a planta não hiberna.” Dados da revista Veja Rio mostram que o Vale do São Francisco produz, hoje, cerca de 7,5 milhões de litros de vinhos de uvas viníferas e cerca de 10 milhões de litros de vinhos de não viníferas ao ano.

Geração de emprego

Tássio Lustoza explica que a região do Vale do São Francisco possui um bom desenvolvimento social, assim com boas taxas de empregabilidade, tudo isso graças à fruticultura e à mão de obra especializada que ela requer. De acordo com o executivo, 250 mil empregos diretos e 950 mil indiretos são criados ao ano para atender à demanda das fazendas de manga e uva, principalmente. Dados do portal Revista da Fruta informam que, nos últimos 10 anos, Pernambuco aumentou em 26% a quantidade de postos de trabalho.

Rodrigo comprova essa afirmação ao avaliar que “todo o processo, desde o plantio, até a venda, contribui para o desenvolvimento da região. As pessoas tendo emprego, têm também, por consequência, mais saúde, educação, lazer, etc, levando ao aumento da qualidade socioeconômica da região.”

A fruticultura irrigada é o que explica esse crescimento. Tássio Lustoza explica mais sobre esse cenário: “Contamos com grandes condomínios de irrigação aqui no Vale. Áreas entregues aos produtores desde a década de 1980 e que até hoje fazem frente ao fenômeno das secas, que frequentemente provocavam perda da produção agrícola no semi-árido nordestino.”

No último ano, o Ministério do Desenvolvimento Regional — MDR lançou edital para a conclusão do Perímetro Irrigado Pontal, em Petrolina (PE), a fim de concluir o projeto iniciado na década de 1990, mas nunca finalizado. A expectativa é de os trabalhos sejam concluídos em três anos e possibilitem o aumento da produção agrícola na região assim como a geração de mais de 12 mil empregos.

Fica claro que a região é essencial ao agronegócio brasileiro. Com recordes sendo batidos a cada ano, a absorção de novos mercados e o trabalho técnico e de excelência sendo executado pelos Auditores Fiscais Federais Agropecuários, muito mais poderia ser feito, conforme avalia o AFFA Antônio Romão de Almeida: “Certamente, um número maior de auditores poderia garantir números ainda melhores do que os atuais em questão de produtos exportados e divisas ingressantes na economia nacional.”

De acordo com o Delegado Sindical de Pernambuco, Luiz Gonzaga Oliveira Filho, “a atuação dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários do MAPA na região contribui de forma concreta e positiva na certificação fitossanitária de frutas voltadas para o mercado internacional, que se encontra em expansão. E esse trabalho, por sua vez, traz consigo geração de riqueza, melhoria econômica e social para a região; impactando também na melhoria da qualidade e segurança dos produtos que são produzidos no Vale de São Francisco,” finaliza.

Confira abaixo a galeria de imagens:

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