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No segundo dia do SEDAGRO, importância do controle sanitário de doenças é debatida entre membros da academia, governo e setor produtivo

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Moderado pela Superintendente Federal de Agricultura do estado de São Paulo, Andrea Moura o painel o debate foi iniciado apresentando a necessidade de articulação entre todos os entes relacionados: Governo, agentes privados, universidades e mercado, a fim de que o sistema de defesa agropecuária funcione de forma robusta trazendo os aprimoramentos necessários ao sistema de defesa.

A seguir, a Superintendente cedeu a palavra ao Diretor do Departamento de Saúde Animal, Geraldo Moraes, que agradeceu o convite feito pelo Anffa Sindical, de dialogar acerca de temas que necessitam de aperfeiçoamento. Segundo ele, o Brasil tem investido mais nos programas de vigilância e prevenção de doenças, do que nos programas de controle de enfermidades, um status louvável que demonstra o impacto positivo da implantação de ações de saúde animal.

Elencando os principais desafios dos programas de comercialização de carne, o diretor mencionou o trabalho de ampliar a zona livre de peste suína clássica para os onze estados que faltam, compartilhando o compromisso de atingir esse status até 2026.  Fez também um retrospecto do histórico de produção da vacina contra a febre aftosa, iniciado em meados de 1950, e apontou os custos de intervenção e eliminação do vírus, defendendo mais uma vez que “a prevenção é mais barata”.

Por meio de números, Geraldo compartilhou o benefício que o produtor obtém aplicando ações de prevenção, como é o caso da das vacinas contra a febre aftosa que trazem uma economia da ordem de  R$ 760 milhões/ano.

A seguir, a pesquisadora Talita Priscila do FGV Agro apresentou a visão da academia, por meio do estudo de Impacto da Atuação dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários sobre a produção agropecuária brasileira, encomendado pelo Anffa Sindical no último ano. A justificativa para a produção do material foi analisar quais seriam os desdobramentos para o Brasil, caso o trabalho de vigilância e fiscalização executado pelos AFFAs não fosse eficiente. Talita destacou que foi o setor agropecuário quem “segurou a economia nos trilhos em 2020”, visto que foram as exportações do setor que garantiram o superávit na balança comercial brasileira.

Assim, Talita demonstrou um fato de extrema relevância para a defesa agropecuária brasileira. Por meio de modelos matemáticos verificou-se que à medida que se reduz a participação dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários, aumenta a probabilidade de patógenos entrarem e se espalharem pelo país. Desse modo foram estudados dois cenários hipotéticos, simulando a entrada da febre aftosa e da influenza aviária no Brasil.

Contextualizando a necessidade de diversificação de mercados, a pesquisadora ainda ponderou sobre os efeitos recentes da guerra entre Rússia e Ucrânia, e o embargo às carnes brasileiras sofrido no último ano. “Certamente estamos vivendo um momento de muita incerteza no mercado de fertilizantes. Todos se perguntam se vai haver ou não desabastecimento, visto que o Brasil depende fortemente da Rússia nesse segmento de mercado. Por outro lado, passamos pela limitação temporária de exportação de nossos produtos para a China em 2020, e esse é um mercado que não é descartável. Com isso, fica claro que a abertura de novos mercados é essencial para que não fiquemos reféns de choques adversos bilaterais que possam impactar tão fortemente às nossas exportações e nossa produção”, declarou Talita. 

E encerrou sua fala analisando o cenário que vivemos atualmente em conjunto com uma suposta entrada dos vírus da influenza aviária e da febre aftosa, o que destaca o valor imensurável do trabalho dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários. “Considerando o aumento de preços dos combustíveis e alimentos, aumento nas tarifas de energia, desvalorização do Real frente a economias externas, se um problema como a entrada desses patógenos tivesse atingido o brasil, a situação econômica brasileira seria muito pior.”

Por último, a Coordenadora de produção animal da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Lilian Figueiredo, apresentou à plateia o papel da entidade como conscientizadora do produtor rural acerca da importância de seguir corretamente as orientações dos programas sanitários. Também apresentando dados, Lilian comprovou a evolução da produção de carne suína e de aves, mais uma vez reforçando que o Brasil tem o status internacional de livre de peste suína clássica e de influenza aviária, o que contribui para o volume de exportações do país, impactadas pela qualidade sanitária dos rebanhos nacionais.

A coordenadora do CNA defende fortemente que a correta aplicação dos programas sanitários gera animais saudáveis, o que por sua vez leva à segurança alimentar. Em contrapartida, animais doentes produzem menos, o que diminui a rentabilidade do produtor, por isso ele é o principal interessado em que seu rebanho esteja saudável, de modo a otimizar a produção. Em consenso com a opinião de Geraldo Moraes, ela ainda apresentou práticas de medicação preventiva como, por exemplo, o controle de parasitas, que levam à perda de peso, certificando novamente a vantagem de prevenir ao invés de remediar.

Lilian compartilhou dados que refutam a teoria de que o agronegócio tem dizimado territórios a fim de aumentar a produção. De acordo com ela, os produtores rurais têm cada vez mais investido em genética para melhoramento do seu plantel, seja para aperfeiçoamento sanitário, ou seja, destacando animais que são mais resistentes a enfermidades e esse fator é compartilhado com seus descendentes, seja selecionando animais com potencial de ganhar peso mais rápido.

Conforme o gráfico abaixo, é possível visualizar a alta da produção de carne que é inversamente proporcional à área de pastagens no país, tudo isso por meio da tríade: sanidade, controle de doenças e melhoramento genético animal.

De maneira objetiva, Lilian situou os produtores e os reguladores dessa cadeia em duas posições:  Ao governo cabe o papel de determinar as regras para o controle de doenças, e ao produtor cabe o cumprimento dessas diretrizes. Assim, a coordenadora do CNA apresentou mecanismos de verificação do cumprimento dessas regras tais quais a Guia de Trânsito Animal (GTA) que possibilita rastrear possíveis doenças e fazer zona de contenção para um controle efetivo da enfermidade, e a Declaração Anual de Rebanho que permite aos órgãos estaduais de defesa sanitária mensurar a quantidade de animais de determinada região para definir estratégias de controle de eventuais focos de doença.

Desse modo, Lilian atesta que a carne brasileira é segura. “Nós temos um controle alimentar muito intenso, realizado por parte dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários. Além disso, nosso serviço veterinário oficial é referência para muitos países. Por fim, mencionou a necessidade de uma boa comunicação que chegue de uma ponta à outra na cadeia produtiva, colaborando para que o produtor conheça e implemente os programas de sanidade.

Assim, a superintendente Andrea Moura os classificou como “os sentinelas da ocorrência de doenças”, mais uma vez chamando atenção para a necessidade de que esses entes estejam sensibilizados sobre a importância de seu papel a fim de evitar danos ao país. E finalizou o painel agradecendo de forma especial à pesquisadora Talita Priscila, da FGV Agro, pelo compartilhamento de informações preciosas. “Tenho certeza de que nosso trabalho assegura a saúde dos nossos rebanhos e a sanidade dos vegetais dos nosso país,  e demonstrar isso por meio de uma instituição referendada, por meios concretos, nos dá muita tranquilidade de seguir com nossos pleitos sindicais conduzidos pela gestão do Anffa.”

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