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Mesmo durante enchentes no Rio Grande do Sul, Affas se desdobram para atender às demandas do estado

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Desde o último dia 30/04 o Rio Grande do Sul tem passado por momentos de aflição diante do desastre ambiental que se abateu na região metropolitana da capital, Porto Alegre.

Com o total de 464 municípios afetados, causando 161 mortes, 806 feridos, 85 desaparecidos e mais de meio milhão de pessoas desalojadas, a tragédia é a maior do estado desde 1941 quando o Rio Guaíba atingiu os 4,76 m. Em 2024, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, em apenas 18 dias choveu o equivalente à média histórica de quatro, cinco ou seis meses no estado.

A situação é tão grave que causou o adiamento das provas do Concurso Nacional Unificado (CNU), conforme anunciado pelo governo no último dia 03/05 (link). Diante disso, uma série de atividades desempenhadas pelos Auditores Fiscais Federais Agropecuários foi interrompida ou necessitou ser alterada. Ainda assim, os servidores que foram menos afetados têm realizado esforços hercúleos para permanecer atendendo às demandas da sociedade, garantindo o abastecimento e a sanidade dos alimentos ali produzidos mesmo que isso signifique transitar em estradas danificadas com risco de deslizamento de terras, com extrema escassez da força de trabalho, além do fator emocional abalado, conforme relato da delegada sindical Beatris Sonntag Kuchenbecker.

Inspeção

“Em relação à inspeção de produtos de origem animal, atualmente quase todos os frigoríficos do estado estão funcionando. Alguns tiveram turnos de abate cancelados entre os dias 30/04 e 04/05 em função dos alagamentos, outros estão operando com restrição de velocidade de abate devido a problemas com alguns lotes de animais que estão chegando em estado precário de saúde.” Nesse sentido, foram observados problemas de pele nos animais, devido ao excesso de umidade nos locais de repouso, assim como o emagrecimento progressivo por terem permanecido sem alimentação nos últimos dias. 

“Diante desses fatores, que levam ao aumento da atenção nas atividades de inspeção, e à consequente redução da velocidade de abate, muitas empresas solicitaram datas extra de abate, bem como a extensão dos horários de funcionamento das unidades, pedido que foi prontamente atendido mesmo em meio às dificuldades já inerentes à atividade, somadas ainda à dificuldade de deslocamento, à exaustão e à ansiedade que todos os gaúchos estão passando”, avaliou a delegada. Em alguns locais da região metropolitana, onde Auditores Agropecuários foram atingidos pelas enchentes impossibilitando o deslocamento, o trabalho está sendo realizado de forma remota (teletrabalho).

Ainda na área animal, as atividades de inspeção periódica ficaram suspensas, sendo que algumas poucas estão sendo retomadas, assim como as ações presenciais em relação à área de alimentação animal. Os servidores estão concentrados nas análises dos registros no Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuários (Sipeagro), e outras atividades administrativas remotas. Todas as atividades e fiscalizações de rotina que demandem deslocamento de Affas na área de inspeção vegetal, SISBI, SISA, SISV, NUSORG, entre outras, estão paralisadas ou muito restritas. Os servidores estão concentrados em dar andamento às demandas remotamente, da melhor forma possível.

Outros Serviços

Em relação ao Serviço de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), além dos alagamentos registrados nas unidades de Itaqui e Porto Mauá registra-se a situação grave do Aeroporto Salgado Filho, com provável perda de mobiliário e equipamentos, já que se trata de lotações térreas, nas quais o nível da água chegou a mais de três metros de altura. Também há dificuldade de acesso e de comunicação em outros locais, como os Portos Rio Grande e Jaguarão em função da falta de energia, internet e sinal de telefonia. Este último, conta ainda com represamento de cargas que não podem ser liberadas devido à instabilidade dos serviços técnicos citados.

“Em Porto Xavier, que também ficou alagado, os próprios Affas da unidade chegaram a transferir móveis e equipamentos da unidade para a carroceria de um caminhão a fim de protegê-los até que a água baixasse. Nesse ínterim, o trabalho continuou a ser realizado por esforço dos colegas, que trabalharam de forma improvisada em galpões emprestados, da maneira que foi possível”, relatou Beatris. 

Das cinco centrais de certificação sanitária, somente três – Lajeado, Passo Fundo e Pelotas – estão funcionando. Porto Alegre e Rio Grande estão alagadas. Na Superintendência Federal de Agricultura do estado, ainda não se tem a real dimensão dos danos, visto que o acesso ao prédio ainda não foi liberado. Em princípio, nos andares do Mapa (5°ao 8°) não houve perda de equipamentos e documentos. Por outro lado, provavelmente haverá perda de veículos que estavam estacionados no pátio, assim como perdas de equipamentos, móveis e documentos dos protocolos da SFA/RS e do INCRA/RS que estavam no primeiro andar, avaliou a delegada.

Vidas humanas e solidariedade

Em relação às vidas dos servidores no estado, a delegada informou que entre os desaparecidos está o colega Vanderlei Rosa, Agente de Inspeção, que foi surpreendido pela correnteza no dia 30/04. “Recebemos uma filmagem dele em cima do carro, com o veículo submerso, mas depois disso não tivemos mais notícias”, lamentou Beatris. 

Seis Auditores Agropecuários estão desabrigados, hospedados com familiares. Uma colega aguardou o resgate por dias na própria casa. Muitos outros Affas têm recebido familiares e conhecidos em suas casas. “Hoje esta é uma realidade no Rio Grande do Sul. Muitas pessoas foram para abrigos, mas muitas foram para a casa de parentes. As casas que ficaram ilesas ou que tiveram problemas, digamos, ‘menos graves’, pontuais e temporários (como falta de água e luz), viraram abrigos para familiares e amigos”, informou a representante do Anffa Sindical no estado.

Segundo a delegada, atualmente, todos os cidadãos do Rio Grande do Sul foram afetados em maior ou menor grau. Apesar disso, todos são voluntários, na medida das possibilidades. “Existe um trabalho bem organizado de arrecadação de donativos e recursos financeiros no RS, assim como aproximadamente 200 abrigos muito bem estruturados. Muitos Auditores Agropecuários estão contribuindo nesse serviço como podem”, informou.

Infelizmente a DS-RS e a SFA-RS estão impossibilitadas de receber e armazenar donativos, em função de terem sido afetadas pelos alagamentos. Diante disso, a delegacia sindical tem orientado colegas de outros estados que queiram contribuir para a reconstrução dos municípios afetados que realizem as doações por meio da chave pix da Defesa Civil do RS:


Em paralelo, a DS-RS tem realizado um levantamento das necessidades mais urgentes relatadas pelos Affas filiados que foram diretamente afetados pelas enchentes a fim de propor a contribuição, a nível nacional pelos integrantes da carreira, de doações em valores financeiros para ajudá-los a se reerguer. 

Nesse cenário, o Affa Henrique Sant’anna, atualmente lotado no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária do estado, sentiu-se à vontade para compartilhar fotos da própria casa onde morava com a também Affa Hiromi Sant’anna. Confira na galeria abaixo a situação do local, bem como do Aeroporto Salgado Filho e da Superintendência Federal de Agricultura.

 

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