Na última sexta-feira (21), em parceria com a Polícia Civil, Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Affas) do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Sipov/Mapa) interditaram uma fábrica clandestina de vinhos em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba (PR).

No local, foram encontradas mais de 16 mil garrafas e cerca de 30 mil litros de produtos fraudulentos, identificados como “vinho”, mas que, na realidade, consistiam em uma mistura de corantes, aromatizantes e álcool de origem duvidosa. O responsável pela fábrica foi detido e deve responder por crimes contra a saúde pública e pela produção e distribuição de bebidas alcoólicas sem autorização.

Os equipamentos da fábrica estavam em condições precárias de higiene, relatou o Auditor Agropecuário e chefe do Sipov-PR, Fernando Mendes. “A situação encontrada era alarmante. A produção ocorria sem as mínimas condições de higiene, colocando em risco a saúde dos consumidores.”

O Affa relatou que a operação fez parte de um esforço contínuo para combater a fabricação e venda de produtos alimentícios clandestinos e que o grupo já havia sido fiscalizado anteriormente, no âmbito comercial, nas margens de uma rodovia com diversas apreensões. “Agora, com o apoio da Polícia Civil, conseguimos chegar na unidade de produção”, relatou.

“Acreditamos que uma ação realizada no final de maio, com equipe formada por 11 servidores, em quatro equipes, atuando no comércio nos municípios de Quatro Barras e Campina Grande do Sul tenha estimulado o denunciante a informar a localização correta”, avaliou a Auditora Agropecuária Claudia dos Santos, que também esteve presente na operação. 

Riscos atrelados

“Quais danos esses produtos podem causar ao consumidor? Há pessoas que são alérgicas a alguns componentes, mas não há nenhuma informação sobre quais são eles na rotulagem, somente a denominação do item”, alertou Claudia.

Ela destacou que o combate às fraudes é uma das atribuições dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários e que esta é atividade tem dois pontos principais a serem observados. “Primeiramente o lado do consumidor, que pode adquirir produtos elaborados, às vezes com subtração de matérias primas, como ocorre por exemplo, no caso de sucos que são adicionados de água e açúcar.”

Mas no caso específico deste final de semana a fraude era muito maior. Entre os ingredientes encontrados no local, havia corantes como o vermelho bordeaux, o qual era utilizado para dar a cor ao vinho, aromatizantes de morango, pêssego e abacaxi, ácido cítrico, álcool, açúcar e água; além de aditivos conservadores e outros compostos que ainda estão em análise, informou o Auditor Agropecuário José Viccino que, assim como Claudia, também fez parte da equipe. “Tratava-se de uma bebida totalmente artificial e que dificilmente poderia ser enquadrada em algo legal ou saudável”, disse.

Em diálogo com o alerta da colega, Viccino lembrou ainda que alguns componentes adicionados na mistura alcoólica devem ser feitos com bastante critério e cuidado, visto que a adição um pouco maior desses produtos pode provocar danos à saúde dos consumidores.

“Dentre as substâncias utilizadas no fabrico do líquido havia algumas bem sensíveis quanto a esse aspecto. Entre elas foi encontrado o metabissulfito de sódio, um conservante, o qual em dose erradas pode provocar irritação gástrica, reações alérgicas na pele e vias respiratórias, especialmente em asmáticos, além de lesões oculares graves, e por isso tem a utilização não permitida para esta situação.”

Por outro lado, mas com igual gravidade, a fraude em bebidas compromete todo o setor de produção, por ser uma concorrência desleal. Produtos clandestinos são vendidos sem nota fiscal, a um preço infinitamente mais baixo, o que impossibilita aos estabelecimentos registrados e que elaboram seus produtos de acordo com a legislação, ter uma disputa justa ao colocar seus produtos no mercado, finalizou a Auditora.