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Químicos buscam inovações para qualificar a produção agropecuária

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Neste 18 de junho, Dia do Químico, a DS-RS Anffa traz o relato de três profissionais que contribuíram e ainda contribuem para o desenvolvimento do agronegócio no país. 

Na bancada, no escritório ou a campo, os químicos desempenham importantes atividades na carreira de auditor fiscal federal agropecuário. E estão sempre em busca de inovações e tecnologias, que permitam o avanço da produção agropecuária. Sua atuação vai desde análises laboratoriais, desenvolvimento e validação de metodologias analíticas, produção de materiais de referência, gerenciamento de resíduos químicos, auxílio para criação e alteração da legislação, emissão de pareceres técnicos, auditorias de laboratórios credenciados e de empresas, fiscalização até registros de produtos agropecuários, entre outas atividades.

Neste 18 de junho, Dia do Químico, a DS-RS Anffa traz o relato de três profissionais que contribuíram e ainda contribuem para o desenvolvimento do agronegócio no país. Maria Aparecida Espírito Santo, conhecida por Cida, é um exemplo. Entre outros projetos, a profissional liderou o desenvolvimento de metodologias para análise de metais pesados. Se aposentou em 2019, após quase 40 anos no Ministério da Agricultura.

A partir do trabalho de Cida, em cooperação com colegas de outros laboratórios federais pelo país, foi possível atender à exigência do mercado internacional para acreditar pelo Inmetro as metodologias de detecção de metais pesados. As análises de validações começaram com bovinos, suínos, aves, equinos e pescados, e depois avançaram para a área vegetal: arroz, cacau e alho. “Recebíamos missões estrangeiras que avaliavam o trabalho do laboratório para verificarem o cumprimento de todos os requisitos necessários para exportação dos produtos do agro”, exemplifica a aposentada.

Formada em Química pela UFRGS (bacharelado e licenciatura), Cida ingressou no serviço público em 1979, e ficou grande parte de sua atuação profissional no Laboratório de Absorção Atômica. Posteriormente, mudou de nome para Metais, Traços e Contaminantes (MTC), no atual Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA). “Quando se fala das conquistas do agro, me sinto parte porque participei deste processo, de ajudar a tornar o Brasil um grande produtor mundial, capaz de alimentar o mundo”, afirma.

Em busca da segurança e competitividade dos produtos agropecuários – O químico Aguinaldo Parussolo, chefe do Serviço de Planejamento e Gestão (SPGL), destaca o trabalho conjunto com os demais auditores e técnicos. “As atividades dos químicos, em complementação às tarefas desempenhadas pelos colegas das demais formações, são essenciais para que o Ministério da Agricultura possa promover segurança alimentar, qualidade e inocuidade de alimentos, saúde animal, sanidade vegetal e combate às fraudes.”

Para Aguinaldo, o papel do químico e do auditor agropecuário é, antes de tudo, a busca por desenvolvimento sustentável e segurança e competitividade dos produtos gerados pela agropecuária. Formado em Química Industrial de Alimentos pela Unijuí, de Santa Rosa (RS), e mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, pela UFPEL, de Pelotas (RS), o profissional ingressou na carreira do Mapa em 2002.

Na época, atuou no Laboratório de Regional de Apoio Vegetal (Larv-Sul). Até 2006, sua principal atividade era a realização de análises fiscais e periciais de fertilizantes e corretivos. Participou de auditorias de credenciamento de laboratórios, implementação do sistema de gestão da qualidade no laboratório, estruturação (em colaboração com os demais colegas) da unidade de instrumentação analítica, além do desenvolvimento e validação de métodos de análise. Em 2007, assumiu a chefia da Divisão Técnica Laboratorial (DLAB), do antigo Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro). Entre 2010 e 2015, foi coordenador do Lanagro. Hoje, além de chefe do SPGL, é coordenador substituto do LFDA-RS.

Da bancada ao banco de dados – “Tenho orgulho em trabalhar até hoje como comecei, na parte analítica, na bancada. Não saí do lugar, mas evoluímos muito”, anuncia o químico industrial Paulo Gustavo Celso, responsável técnico substituto do laboratório Identidade e Qualidade de Alimentos (IQA), do LFDA. Apaixonado pelo trabalho de análise, não se acomoda com as conquistas já realizadas pelo laboratório. E não foram poucas.

Em 2006, a aposta em um equipamento de Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) reduziu para segundos as análises em vinhos importados que levavam um dia inteiro. O equipamento substituía métodos manuais, que demandam maior consumo de reagentes e de técnicos ocupados no processo. “Quebramos paradigmas ao trazer metodologias alternativas aos métodos ditos oficiais”, explica Paulo.

De 2014 para cá, o foco foi na adoção de tecnologias para detecção de fraudes, priorizando o “I” ao “Q”, dos tão caros PIQs (Padrão de Identidade e Qualidade, aplicável a bebidas) do Ministério da Agricultura (Mapa). “Se a identidade é fraudada, não tem qualidade”, afirma. Uma das principais ferramentas para combater desconformidades foi o sistema de análise de razão isotópica, adquirido em meados de 2019 para o LFDA-RS. Entre os produtos já analisados estão água de coco, suco de laranja e vinagre de maçã. Agora, o espectro está sendo ampliado para as demais frutas de clima temperado, e gradualmente as tropicais, pois este trabalho demanda coleta e guarda de amostras genuínas ou fidedignas de cada matéria-prima ou produto primário.

E este banco de referências também é o primeiro passo para um novo projeto que Paulo está envolvido: a criação de uma rede de laboratório de pesquisa e desenvolvimento, com uso de ressonância magnética nuclear e outras técnicas non-target (não-alvo, ou inespecíficas). As informações servirão para aferir identidade, origem e, eventualmente, a indicação geográfica dos alimentos. “Hoje, o Brasil não tem direito autoral sobre os próprios produtos, não tem informações oficiais. Por isso, a importância de uma nova padronização e classificação dos produtos baseada na origem da matéria-prima ou processo, partindo para métodos que possam atestar a origem e a identidade, a partir de novas tecnologias, inclusive de menor custo e impacto ambiental”, ressalta Paulo.

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