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Opinião: O desafio dos profissionais que fiscalizam a produção do agro

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Por Janus Pablo Macedo*

O agronegócio brasileiro segue quebrando recordes e consolidando sua posição como um dos principais motores da economia nacional. Nos próximos anos, a produção brasileira deve passar das atuais 1,2 bilhão de toneladas (grãos, carnes, frutas, café, cana-de-açúcar e outros), com a exportação 232 milhões de toneladas de produtos agropecuários, previstos em 2025, para um cenário ainda mais promissor.

As projeções apontam que, entre 2033 e 2034, 1,4 bilhão de toneladas devem ser produzidas no país e 303 milhões de toneladas de mercadorias serão embarcadas rumo ao mercado internacional. Os números são importantes e precisam ser celebrados, mas acendem um grande sinal de alerta para a carreira dos auditores fiscais federais agropecuários.

O governo federal tem investido em infraestrutura para otimizar o escoamento da safra, reduzindo custos logísticos e aumentando a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado global. Obras de melhoria nos acessos rodoviários, ferrovias e portos têm sido fundamentais para garantir a fluidez do transporte e minimizar perdas. Essa estratégia é essencial para sustentar o crescimento das exportações e viabilizar as projeções futuras.

Contudo, um aspecto fundamental para a manutenção da qualidade e da segurança da produção carece de investimentos urgentes: a defesa e o fortalecimento da carreira dos auditores fiscais federais agropecuários. A sanidade é um fator determinante para a competitividade do Brasil no mercado internacional e para a saúde da população brasileira.

No entanto, o ritmo de recomposição do quadro de profissionais da fiscalização agropecuária não acompanha a crescente demanda do setor. Atualmente, há uma demanda de 1.200 auditores fiscais, além de 250 profissionais que estão prestes a se aposentar. E esse número deve crescer significativamente nos próximos anos.

Além da falta de pessoal, há problemas estruturais, como a ausência ou a precarização de veículos utilizados pelos servidores, problema que se estende a equipamentos e sistemas fundamentais para as inspeções agropecuárias. Importante destacar que o governo federal prevê a admissão de 200 novos profissionais por meio do concurso nacional unificado de 2024, com uma previsão futura de incorporação de outros 200 servidores.

Porém, o quantitativo está longe de suprir a necessidade do setor, que cresce em um ritmo muito mais acelerado. Sem a devida estrutura de fiscalização, a qualidade dos produtos produzidos e exportados pode ser comprometida, colocando em risco a reputação do Brasil como fornecedor de alimentos seguros e de alta qualidade.

Um exemplo claro dessa necessidade está no setor de carnes, que deve atingir a produção de 38 milhões de toneladas em 2034, das quais 13 milhões de toneladas serão destinadas ao mercado externo. Esse volume inclui carne bovina, suína e de frango, produtos que exigem um rigoroso controle sanitário para o atendimento das exigências internacionais. Sem um quadro adequado de auditores fiscais federais agropecuários, o país corre o risco de enfrentar barreiras internacionais e perder espaço no mercado global.

Portanto, é essencial que o governo federal amplie os investimentos na carreira, garantindo que o crescimento do agronegócio seja sustentável e seguro. A fiscalização eficiente não é apenas uma exigência para o mercado internacional, mas uma condição fundamental para a continuidade do sucesso do agronegócio brasileiro.

* Janus Pablo Macedo é presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical)

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