Estresse e sobrecarga de trabalho levam Auditores Agropecuários a pedirem exoneração

Dois casos aconteceram nos últimos seis meses. Síndrome de Burnout e falta de affas justificam ambos os episódios

Estresse e sobrecarga de trabalho levam Auditores Agropecuários a pedirem exoneração
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Com a publicação do relato de exaustão extrema vivenciado pelo Auditor Fiscal Federal Agropecuário André Barreto, publicado nesta semana (relembre aqui), mais colegas sentiram-se à vontade para compartilhar exemplos das situações degradantes pelas quais têm passado, especialmente no Serviço de Inspeção Federal (SIF).

Dessa vez, o Sindicato teve acesso a informações provenientes dos estados de Santa Catarina e Paraná, nos quais duas servidoras, em pouco mais de seis meses, solicitaram exoneração de seus cargos por não suportarem as condições atuais de trabalho. 

No primeiro exemplo a servidora chegou a solicitar uma licença não remunerada à administração pública, já que não se sentia em condições de retornar ao trabalho após um afastamento inicial motivado por questões de saúde. Diante do indeferimento, justificado pela falta de servidores na região, a colega solicitou o desligamento imediato de sua função junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Outro caso emblemático aconteceu em Santa Catarina, após determinada unidade frigorífica solicitar ao Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SIPOA) o aumento da capacidade de abate do estabelecimento, medida que possibilitaria o funcionamento da unidade aos sábados e feriados. Em processo SEI os servidores lotados na unidade pontuaram que não havia pessoal disponível para o cumprimento da demanda, e que isso ocasionaria o não atendimento de métricas estabelecidas pelo Serviço de Inspeção Federal. 

Mesmo assim, a solicitação da empresa foi atendida, levando a segunda servidora a solicitar seu desligamento de maneira drástica, mas não injustificada, em razão da carga exorbitante de trabalho que foi implantada no local. 

“Isso causou uma tremenda sobrecarga de trabalho aos Auditores Agropecuários da região”, é o que relata a fonte ouvida pelo Sindicato. “Nos organizamos e montamos uma escala de revezamento a fim de cobrir esses turnos extras autorizados pela chefia, mas trata-se de uma situação estressante e até mesmo perigosa, já que nos submetemos a longos deslocamentos em estradas perigosas, com veículos antigos e sem manutenção”, denunciou um servidor. Além disso, dos 12 Affas da região, apenas cinco têm condições de participar do revezamento.

É importante lembrar também que esse tipo de situação leva a outra pauta fortemente questionada pelo Sindicato junto ao MAPA: a impossibilidade de compensação de horas-extra. “Não está havendo respeito ao convívio familiar do servidor. Não temos mais tempo para desfrutar com nossas famílias. O que já estava difícil, agora está insuportável”, desabafou o colega.

Servidores amedrontados e desmotivados

“Como se a situação não fosse delicada o suficiente, os servidores, que têm seus direitos garantidos em lei, temem expor suas manifestações à chefia, com receio de que essas observações possam ser interpretadas como insubordinação e a partir disso se inicie um processo de assédio”, informou a fonte. 

Mesmo com o anúncio de 200 vagas de concurso para Auditores Fiscais Federais Agropecuários, divulgado na última sexta-feira pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI), os servidores da localidade não consideram que haja perspectivas positivas para a situação.

Até mesmo a atualização dos municípios que recebem o adicional de fronteiras, que contemplou Affas dos dois estados, não foi o suficiente para motivar os Auditores da região. 
“As pessoas estão exaustas. Temos tentado nos apoiar, mas estamos dentro de um contexto muito limitado. Enquanto isso, a administração permanece atuando em benefício da empresa, mas sem olhar para o servidor”.
 

Anffa Sindical

ANFFA Sindical é o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários
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