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Chefe da UTRA Caxias do Sul une o útil ao agradável no trabalho com vinhos

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Único Engenheiro Agrônomo e Chefe da Unidade Técnica Regional de Agricultura (UTRA) Caxias do Sul, o trabalho do auditor fiscal federal agropecuário Amarildo Nespolo, 54 anos, exige uma grande responsabilidade. 

No Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desde 2002, assumiu vaga em Itaqui. Em 2007, foi transferido para o município serrano e se apaixonou pelo mundo dos vinhos, uma de suas áreas de fiscalização. 

Preocupado com os riscos do PL 1293 para o consumidor, pela transferência de atribuições dos affas às empresas, vê a atuação sindical como essencial para fortalecer a carreira e conquistar melhores condições de trabalho.

Formado em 1991 pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em Lages, tem três especializações que ajudaram na trajetória profissional: Desenvolvimento Gerencial, Gestão de Agronegócios e Proteção de Plantas. A primeira experiência profissional na área de formação foi de 1991 a 1996, onde trabalhou na assistência técnica, como supervisor de campo na produção de suínos da Sadia, em Frederico Westphalen. 

Em 1997, foi para a Cooperativa Cotrel, em Erechim, também com foco no fomento, no desenvolvimento de programas de gestão rural e capacitação da equipe técnica. Entre 2001 e 2002, atuou na Feltrin Sementes, de Farroupilha, antes de entrar no Mapa. Confira a entrevista:

Qual a tua trajetória profissional?

Ingressei no Mapa em 2002, lotado na Uvagro Itaqui-RS, onde trabalhava basicamente com importação. E, quando faltavam profissionais, ajudava também em Uruguaiana, São Borja e Porto Xavier. Fiquei até 2007, quando cheguei em Caxias do Sul. Lembro que a atual superintendente do Mapa no Rio Grande do Sul, Helena Pan Rugeri, me disse, na época em que era chefe do SIPOV (Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal): Amarildo, tu tens de ser o cara do vinho em Caxias do Sul. E hoje estou aqui. 

Sou chefe da UTRA Caxias do Sul, que abrange 56 municípios. Na área vegetal, atuo sozinho na regional, e em Vacaria divido o trabalho com outros dois colegas affas da UTRA Santa Cruz do Sul. Além de gerenciar a UTRA Caxias do Sul, trabalho como auditor. Em Vacaria, realizo a análise fitossanitária nos lotes de frutas encaminhadas pelo produtor para exportação, especialmente maçãs. No Porto Seco de Caxias do Sul, além do vinho, fiscalizo a importação de suco de frutas, móveis e artefatos de madeira em geral, inclusive embalagens.

Como começou essa relação com os vinhos?

Trabalho também na fiscalização de vinícolas, alambiques, cervejarias, sucos e bebidas em geral. No caso do vinho, juntei o útil ao agradável. Sou apaixonado por vinhos. Como atuo na fiscalização, muitas vezes me perguntam: Qual o melhor vinho da região? Que vinhos você me indica para eu adquirir? Realizei minicursos sobre vinhos na Embrapa e em outras instituições. Ao longo do tempo aprendi a avaliar a coloração, limpidez, qualidade do odor e do sabor, ou seja, a realizar a análise sensorial propriamente dita, se tem defeito ou não. 

Este conhecimento e, mais importante, a fiscalização que faço nas vinícolas, me credenciou a avaliar a bebida. Hoje, participo como degustador de concursos em Caxias do Sul, Farroupilha, Garibaldi, entre outras cidades.

Como enxerga a ação sindical?

Na minha opinião, a união dos servidores em sindicatos é fundamental, até porque o governo brasileiro não tem uma política salarial definida. 

Vivemos uma época de inflação galopante e não temos a devida reposição salarial. Por isso, é muito importante que o AFFA seja filiado ao sindicato. Sindicato forte é condição sine qua non para o fortalecimento da carreira. 

Hoje, conquistamos a carreira de auditor e estamos em condições salariais razoáveis em função da luta que houve dos mais antigos. Precisamos de uma liderança que lute para o fortalecimento da carreira como um todo, por melhores condições de trabalho e realização de concursos, não só aumento salarial. 

E isso tudo é encaminhado pelo sindicato. Outro exemplo é o PL 1293 (Projeto de Lei 1293), que quer passar atribuições do affa para as empresas. Cabe ao sindicato lutar contra esse tipo de projeto, com apoio da base, obviamente.

Como a aprovação do PL 1293, que trata do autocontrole dos agentes privados regulados pela defesa agropecuária, pode impactar a carreira?

Se for aprovado, o PL do autocontrole vai tirar muitas atribuições dos affas e delegar essa responsabilidade para as empresas. Por um lado, é uma quebra de paradigma, mas o que vejo é que as empresas não estão ainda em nível de se autofiscalizar. 

Além de ser nocivo à carreira dos affas, coloca em risco a saúde das pessoas. Temos relatos de muitos casos em que a qualidade do produto não é levada em consideração, apenas o lucro. 

Seguidamente, há notícias na imprensa de produtos inadequados ao consumo. Um exemplo é a carne de cavalo, que era vendida em Caxias do Sul. Isso reforça que, ao mesmo tempo em que temos empresários sérios, outros não o são, o que gera insegurança alimentar. Muitos mercados internacionais conquistados pelo país, com toda certeza, têm também a colaboração das atividades desempenhadas pelos affas, nas mais diferentes áreas de atuação, garantindo a qualidade dos produtos agropecuários de acordo com as exigências dos importadores.

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