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Categoria profissional atua na defesa do setor produtivo agropecuário brasileiro

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Por: Roberto Siqueira Filho

O Brasil é o país do agro! Alguns enxergam nessa frase um grande exemplo de sucesso nacional. Afinal, é de onde tem vindo boa parte dos recursos que dão força e sustentação para a nossa economia nos momentos de maior  instabilidade. Mas o que fez desse setor uma força econômica, social e um orgulho nacional?

A força das milhões de pessoas que, dia a dia, tocam a lida no campo? A genialidade daqueles que, décadas atrás, investiram em pesquisa? A segurança alimentar proporcionada à população brasileira? Ou a qualidade inquestionável dos grãos, das frutas, verduras, sucos, bebidas, carnes, pescados, ovos e laticínios produzidos no Brasil e exportados quase que para o mundo todo? Absolutamente, sim, para todas as questões acima.

Só que um desses pilares está definhando rapidamente, colocando em risco a economia do nosso País: a defesa agropecuária. Não falo aqui da defesa armada do homem do campo ou da defesa dos direitos dos trabalhadores rurais, entre outras tantas defesas necessárias. 

Aqui me refiro aos milhares de profissionais que dedicam suas carreiras e seus conhecimentos altamente especializados à manutenção do status inquestionável da qualidade de toda a produção agropecuária brasileira como uma das mais seguras do mundo e reconhecida internacionalmente.

Várias administrações recentes do governo federal vêm demonstrando enorme desconhecimento desse trabalho e pouquíssimo reconhecimento e valorização da importância de se manter um sistema de defesa agropecuária forte e independente. Fato que, até então, nos dava condições para fincar as bases da confiabilidade do setor produtivo agropecuário brasileiro. Mas esse trabalho, que nasceu há mais de um século, está sob risco.

O orçamento cada vez menor disponibilizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária para a Secretaria de Defesa Agropecuária é um dos problemas. Outro ponto é a incompreensível desvalorização das carreiras de auditoria e fiscalização federal agropecuária, por parte do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, quando comparada às carreiras de auditoria equivalentes de outros ministérios e órgãos da administração federal. Estas distorções criam fissuras no sistema de defesa da sanidade e da saúde da nossa produção agrícola e pecuária.
 
Também cresce o risco da entrada de pragas e doenças, levando ao aumento do uso de medicamentos e agrotóxicos que encarecem a produção. Com isso, a segurança em relação à qualidade dos alimentos diminui, mas o preço sobe, comprometendo a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. Este cenário contribui para uma diminuição no saldo da balança comercial nacional, para a queda de receita das empresas agropecuárias, menor oferta de empregos no setor e, consequentemente, gera desequilíbrio social.

 Não é fácil mostrar a importância da auditoria e da fiscalização nos tempos atuais, em que impera o oportunismo sobre a oportunidade. Mas e quem comanda o agronegócio, tem conhecimento do risco que essa política equivocada pode acarretar para sua atividade? Sabe que basta uma grande praga ou doença para colocar tudo a perder? Tenho dúvidas sobre isso, pois, do contrário, não faltariam associações, comissões e frentes para pressionar, como sabem muito bem fazer. Por esse motivo questiono o povo brasileiro: “Quem defende quem te defende?”


*Roberto Siqueira Filho, engenheiro agrônomo, mestre em agronomia, auditor fiscal federal agropecuário

**Os artigos publicados não traduzem a opinião do Anffa Sindical. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos temas sindicais e de refletir as diversas tendências do pensamento.

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