A Delegacia Sindical de São Paulo (DS/SP), do Anffa Sindical, homenageou, na última terça-feira (08/08), o Auditor Fiscal Federal Agropecuário aposentado, José Christovam Santos, por seu trabalho desenvolvido com dedicação, respeito e valorização da carreira.
Para entender a história do José Christovam, o Anffa Sindical conversou com o diretor de Aposentados da DS/SP, José Márcio Luiz Gomes, que contou a trajetória do auditor agropecuário. “Ele é uma pessoa inteiramente merecedora dessa singela homenagem, aos 96 anos de idade”, afirma o diretor. “Christovam é considerado um expoente da inspeção de carnes no Brasil. Porque, desde que se formou, em 1949, dedicou-se a essa área dentro do Ministério da Agricultura, quando adentrou em 1950”.
Christovam e a inspeção da carne brasileira
O diretor de Aposentados da DS/SP contou a história do auditor agropecuário em relação à inspeção da carne brasileira.
“Na época, em meados de 1950, o Brasil era muito carente de frigoríficos e matadouros bem equipados. Então, ele (Christovam) foi aos Estados Unidos e, a partir de então, trouxe consigo uma nova visão, que foi adaptando ao Brasil. Com o passar dos anos, os governos perceberam que o país tinha condições de se tornar um grande exportador de carnes. No início, o Brasil exportava barricas de carne seca com sal, o conservante da época.
No período das grandes guerras, houve a chegada das indústrias americanas. Essas empresas visualizaram o potencial da pecuária brasileira como fornecedora viável de alimentos para suas tropas em guerra. Assim, deixou-se de exportar carne salgada, para começar a exportar carnes enlatadas.
Nessa situação, José Christovam visualizou a oportunidade de realizar o programa “Federalização da Inspeção Sanitária no Estado de São Paulo”. Antigamente, abatiam o gado no chão. Posteriormente, passou a abater pendurado, o que representou um avanço higiênico e sanitário.
O programa teve o mérito de ampliar de modo significativo o acesso do consumidor brasileiro a carnes de ótima qualidade sanitária. O programa impulsionou, também, o parque industrial efetivamente inspecionado, reduzindo a concorrência desleal, com a interdição de 127 matadouros de bovinos e suínos, 123 matadouros de aves, 114 fábricas de conservas e 16 estabelecimentos de laticínios.
Então, o programa foi obrigado a fechar estabelecimentos que não se adequaram. Diante disso, José Christovam introduziu alguns avanços tecnológicos ao programa. O Brasil então começou a entrar no mercado exportador de carne. Tudo isso levou ao que é hoje, o país é o maior exportador mundial de carne.
Este avanço também levou a necessidade de mão de obra qualificada, seja a nível de frigorífico, com veterinários, engenheiros de alimentos, químicos, biólogos, como também a nível de campo, para melhorar a sanidade dos rebanhos. Além de condições ideais de transporte desses animais.
Toda essa história foi iniciada com os trabalhos de José Christovam Santos, muito merecedor desta homenagem”.
Biografia de José Christovam Santos
Christovam formou-se em Medicina Veterinária na Escola Nacional de Veterinária da Universidade Rural do Rio de Janeiro, em 1949, e ingressou na Inspeção Federal em 1950, junto à Inspetoria Regional do DIPOA – Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal – SP.
Em 1952 foi designado encarregado da Inspeção Federal do Frigorífico Armour de São Paulo.
Em 1955, foi indicado para estudar os problemas das indústrias de carnes e derivados nos estados de São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Paraná, tarefa que deu origem a diversos trabalhos técnicos.
De 1957 a 1961, chefiou a Inspetoria Distrital da Inspeção Federal, com sede em Barretos, SP.
Entre agosto de 1961 e janeiro de 1976, chefiou a Inspetoria Regional do DIPOA – SP, e de fevereiro de 1976 até sua aposentadoria em 1979, chefiou a Defesa Sanitária Animal nesse estado.
Na área acadêmica, em 1966, o Dr. José Christovam Santos venceu o concurso de títulos para Professor Titular da Cadeira de Inspeção e Tecnologia de Carnes da Escola de Veterinária Federal de Goiás, mas optou por não tomar posse no cargo.
A partir da década de 70, na FEA, exerceu a docência e a pesquisa na Área de Tecnologia de Carnes e Derivados, até 1995. Em fevereiro de 1972, foi designado para presidir a implantação da “Federalização da Inspeção Sanitária no Estado de São Paulo”.
Fonte: FEA/UNICAMP
