Por Henrique Rodarte – Agro em Campo
As autoridades sanitárias do Ceará retiraram mais de 21 mil litros de bebidas alcoólicas irregulares do mercado durante a segunda etapa da Operação Dose Limpa, realizada em dezembro. A ação reforça o alerta sobre os perigos da produção clandestina e da adulteração de bebidas, especialmente com a proximidade das festas de fim de ano, quando o consumo aumenta significativamente.
As equipes de fiscalização concentraram as ações em Fortaleza e na Serra da Ibiapaba. A operação combateu a falsificação e a comercialização de bebidas sem registro, práticas que representam riscos graves à saúde pública. O metanol, álcool altamente tóxico, figura entre os principais perigos. A substância causa cegueira, danos neurológicos irreversíveis e morte, e esteve associada a casos fatais registrados nos últimos meses no país.
A operação utilizou inteligência fiscal e análise de risco para planejar as ações. Os técnicos do VigiFronteiras apoiaram o levantamento prévio de informações, identificaram fluxos suspeitos e ofereceram suporte logístico. O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (DIPOV), do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), coordenou tecnicamente a fiscalização e executou as ações com equipes especializadas no combate a esquemas de fraude e clandestinidade.
Fiscalização identifica bebidas falsificadas em Fortaleza
Em Fortaleza, os fiscais identificaram estabelecimentos comerciais com bebidas importadas que apresentavam fortes indícios de falsificação. A operação encontrou produtos como gin, vodka e whisky com problemas de rotulagem, conforme análise da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce). Os comerciantes vendiam bebidas sem registro no MAPA, sem documentação de procedência e com informações enganosas ao consumidor.
Na região de Viçosa do Ceará, a fiscalização constatou a produção clandestina de licores e cachaça. Os estabelecimentos não atendiam aos requisitos mínimos de boas práticas de fabricação e não comprovavam a origem do álcool nem dos demais ingredientes utilizados. As equipes apreenderam grandes volumes desses produtos em pontos comerciais, inclusive em recipientes reutilizados. As embalagens não continham informações básicas obrigatórias, como responsável técnico, lista de ingredientes, advertências e graduação alcoólica.
Risco químico ameaça consumidores
A produção clandestina representa um risco químico iminente sob a perspectiva da fiscalização agropecuária. Sem controle oficial, ninguém garante a origem do álcool utilizado. Os consumidores ficam expostos à possibilidade de ingestão de metanol, além de excesso de cobre (metal pesado associado a efeitos tóxicos) e contaminantes microbiológicos decorrentes da falta de higiene e controle sanitário.





