Impactos da influenza aviária de alta patogenicidade em mamíferos aquáticos

Embora a maioria das infecções por AIV não seja patogênica para aves aquáticas, o atual surto de cepas de IAAP do subtipo H5N1 levantou grande preocupação devido ao seu impacto incomum relatados em aves selvagens, especialmente em aves marinhas, e mais recentemente em mamíferos aquáticos. Dessa forma, é crucial estar atento aos locais onde aves selvagens e mamíferos aquáticos se reúnem em grandes agregações, pois estão sujeitos ao maior risco de exposição ao vírus.

A variante H5N1 do IAAP foi identificada como a causa da morte de milhares de aves selvagens desde o final de 2022 em diversos países da América do Sul, incluindo Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e Chile. Esse surto gerou uma grande quantidade de material infectante, que pode ser transmitido para predadores e espécies carniceiras. Essa provavelmente foi a via inicial de infecção para os mamíferos aquáticos e semiaquáticos que habitam esses mesmos ambientes, resultando em surtos em algumas dessas espécies também relatados em outras regiões do mundo. Os casos do subtipo H5N1 em mamíferos aquáticos confirmados e notificados na América do Sul envolvem 12 leões-marinhos -sul-americanos (Gamarra-Toledo et al. 2023; Leguia et al. 2023), 1 pool de 5 leões-marinhos-sul-americanos (Leguia et al. 2023), 1 golfinho-comum (Leguia et al. 2023) e 1 golfinho nariz-de-garrafa (Gamarra -Toledo et al. 2023) no Peru; 8 leões-sul-americanos (SERNAPESCA) e 1 lontra-marinha (SERNAPESCA) no Chile.

Desde o início de 2023, a alta mortalidade de leões-marinhos (Otaria flavescens) na região costeira do Peru, com mais de 3.000 animais afetados, tem sido atribuída ao IAAP do subtipo H5N1 (GamarraToledo et al. 2023). A mortalidade dos leões-marinhos afetados é compatível com infecção sistêmica pelo vírus da influenza de alta patogenicidade, e resultante de um quadro de pneumonia aguda e meningoencefalite. Os sinais clínicos apresentados pelos animais doentes ainda vivos foram principalmente neurológicos (ataxia, tremores, convulsões e paralisia) e respiratórios (dificuldade respiratória, secreções nasais e bucais), além de abortos. Esse evento, ocorrido em um curto período, é preocupante porque levanta a possibilidade de uma transmissão eficiente entre mamíferos, o que precisa ser mais bem investigado diante das possíveis adaptações do vírus em espécies não aviárias.

Fontes:
Ministério do Meio Ambiente
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos
 

 

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