Cerca de 150 pessoas participaram do Ato Público em defesa da Fiscalização Federal Agropecuária realizado pelo Anffa Sindical, nesta quarta-feira (22/03), no estacionamento do prédio sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O objetivo, de acordo com Ângelo de Queiroz, delegado do Anffa Sindical no DF, foi responder à sociedade quanto à credibilidade do trabalho realizado pelos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (AFFAs), demonstrar apoio à Operação Carne Fraca e repúdio aos atos criminosos que foram identificados no esquema de corrupção deflagrado pela Polícia Federal na última sexta-feira (17/03).
Na ocasião, o presidente do Anffa Sindical, Maurício Porto, falou sobre a importância das investigações e da punição dos envolvidos. “Nós vamos acompanhar esse momento de crise, mas sempre no sentido de cumprir aquela máxima que diz que devemos separar o joio do trigo”, afirmou o presidente referindo-se aos AFFAs envolvidos na Operação Carne Fraca.
O AFFA e delegado sindical Daniel Gouvea Teixeira, que denunciou, em 2014, com o apoio do Anffa Sindical, o esquema de fraudes na industrialização e comercialização de carnes e derivados em frigoríficos nacionais, também participou do Ato e falou sobre os possíveis desdobramentos da investigação.
“Eu não posso falar do que continua em sigilo de Justiça, obviamente, com risco de atrapalhar a Operação, mas posso garantir que nesses dois anos e meio de apuração foi levantado muito material e que a gente pode se preparar para que haja outras fases”, alertou Daniel.
Para Gouvea, apesar de a Carreira viver um momento de crise, as delações são um divisor de águas para a Categoria. “Trata-se de uma lição moral institucional, porque hoje precisamos separar quem é honesto de quem é desonesto”, ressaltou.
Ainda sobre as investigações, Daniel explicou que a denúncia inicial é relativa especificamente às questões que eram vivenciadas pelos AFFAs diariamente. "O assédio moral dentro da SFA do Paraná e a remoção de fiscais a pedido de empresas era decorrente da insatisfação dos fiscalizados na constatação de fraudes e risco a saúde pública nas auditorias e fiscalizações que eram realizadas rotineiramente”, detalhou.
O AFFA ressaltou, também, o fato de o Agronegócio estar perdendo valor financeiro e mercado por ter patrocinado uma organização criminosa durante um longo período. “A gente não tem como dimensionar, agora, a extensão dessa organização criminosa em outros estados além do Paraná”, disse.
Ainda assim, Daniel ressalta que os fiscais envolvidos com corrupção representam uma minoria e que muitos deixavam de denunciar por medo de retaliações e ameaças. “Muitas vezes por pressão política, por outras circunstâncias de administração e ameaças, as pessoas que souberam das irregularidades tiveram medo de denunciar. Acho que a gente já passou dessa fase, é hora de essas pessoas entregarem voluntariamente o que têm de informação”, encorajou Daniel.
O presidente Maurício Porto aproveitou a oportunidade para salientar a importância e o fortalecimento da Categoria nas últimas décadas. “Nós levamos quase trinta anos para estruturar essa Carreira. Hoje temos um Sindicato bem colocado, forte, representativo, que realmente dá resposta a essas questões, e acredito que não haverá retaliação a nós outros”, afirmou, referindo-se a grande maioria dos AFFAs que trabalham com seriedade e compromisso com a ética profissional e segurança alimentar da população brasileira.
Prestes ao encerramento do Ato que se deu com um “abraçaço” em volta do prédio sede do MAPA, o vice-presidente Marcos Lessa levantou a questão da pauta administrativa do Sindicato, e ressaltou que esse é o momento de exigirmos sua implementação.
“Por que será que temos uma dificuldade tão grande em implementar a meritocracia? A realização de concurso público, mesmo com uma desfazem de aproximadamente 850 AFFAs? Por que será que a Escola, Enagro, que foi criada com tanta pompa, hoje foi reduzida e está com uma diretoria temporária? É porque toda nossa pauta vai de encontro aos interesses de um grupo econômico que agora está sendo desmascarado através dessa Operação, e é por isso que o Sindicato tem obrigação de dar apoio incondicional ao trabalho da Polícia Federal”, afirmou Lessa.
Ao final do Ato, Maurício Porto, Marcos Lessa, Ângelo de Queiroz e Daniel Gouvea reuniram-se com o secretário executivo do MAPA, Eumar Roberto Novacki, para tratar a respeito do andamento das pautas administrativas. Participaram da reunião, também, o diretor de Comunicação e Relações Públicas do Anffa Sindical, Roberto Siqueira Filho, o diretor de Assuntos Jurídicos do Sindicato, Márcio Squilassi, o delegado da DS-MT, Nilo Nascimento, o coordenador do Conselho de Delegados Sindicais, Heleno Guimarães, além do assessor da Secretaria Executiva, Ricardo Cavalcanti, e do chefe de divisão Sérgio Araújo Felício. Uma matéria sobre a reunião está sendo produzida pela DCom e será publicada em breve.